Livro: "Aventuras inéditas de Sherlock Holmes" de Arthur Conan Doyle

Título: Aventuras inéditas de Sherlock Holmes - 12 histórias inéditas
Título Original: The Final Adventures of Sherlock Holmes

Autor: Arthur Conan Doyle
Organizador: Peter Haining
Tradução: Lia Alverga-Wyler

ISBN: 85.254.0670-8
Editora: L&PM Pocket
Ano de lançamento: 1997
Páginas: 274

Diagramação:
Texto: fonte agradável para leitura, com serifa
Páginas: amareladas
Diagramação: simples, porém eficaz e agradável



Nota:


Resenha:

Quando comprei os 9 livros da coleção de Sherlock Holmes da Zahar (que um dia ei de resenhar), achei que minha coleção estava completa. Mas eis que me deparo com esse título e a curiosidade me pegou em cheio.

Esse livro é uma edição de bolso que foi lançada pela L&PM Editores faz um tempo (1997), então tive que recorrer aos sebos, pois atualmente ele se encontra fora de catálogo.

Com toda a propaganda que encontrei sobre ele (tanto para mal quanto para bem), achei que só poderia saber o que se passa com ele lendo mesmo.

Mas, diferente dos livros de contos que eu resenhei um conto por vez, desta vez a resenha será integral (mas vocês vão perceber já já o motivo disso).

Logo no incio há um abre bem bacana (de umas 50 páginas) do organizador da obra. Há informações bem bacanas sobre como cada um desses textos foi encontrado e o porque de fazerem parte da copilação.

Porém, sobre Sherlock Holmes em ação, em si, há muito pouco, de fato.

O livro trouxe algumas entrevistas de Arthur Conan Doyle ou abres de edições especiais (lançadas enquanto o autor ainda era vivo e escritas por ele próprio), onde ele conta um pouco sobre a criação do personagem e até sobre os contos que mais gostou. Acho que esse tipo de coisa é bacana, mas daí a considerá-lo como uma "história inédita" como diz o sub título já é outra coisa.

Quanto aos contos em si, alguns não são de fato obras de Sherlock Holmes, só é "suposto" que poderiam ser.

O primeiro conto, "O Mistério da casa do Tio Jeremy" é de fato uma trama digna de detetives, porém os protagonistas não são Sherlock e Watson. Tudo bem, um deles mora em Baker Street, mas em minha mente ele poderia ser outro inquilino da senhora Hudson sem problema algum.

Vale ressaltar que o conto é muito bom sim, mas eu ficaria mais feliz comprando ele pelo que ele de fato é, e não como se fosse algo de Sherlock, sendo que não é. Volto a dizer, o fato de ele morar na mesma rua do detetive não o transforma automaticamente no mesmo rapaz (aliás, ele é mil vezes mais simpático e emotivo que o Sherlock e o rapaz que seria o "Watson" é um sacana que só quer a herança do tio, não tem como querer compará-los! É quase uma heresia!)

Outro conto que também não trouxe a dupla, mas tem uma dupla de pessoas investigando algo é "O Mistério de Sasassa Valley", onde dois amigos saem para investigar o sobrenatural e acabam se dando muito bem com o que de fato há lá. São dois contos ótimos, dignos de suspense e com certeza poderiam aparecer nos outros livros de conto do autor e agradar muito. Mas daí a forçá-los como algo de Sherlock foi muita pretensão do organizador. Afinal os personagens não chegam ao menos a trocar uma ou duas características com Holmes e Watson, querer fazer a todos acreditarem que eles são uma versão prévia deles saiu forçoso (e, aliás, os próprios textos de Arthur acabam por desmistificar a teoria quando explica certinho o como criou os dois).

Mas, vamos falar do que realmente é de Sherlock no livro, não é? Afinal, há sim contos com a dupla e eles são dos mais diversos tipos e para os mais diversos o gostos! :D

Eis o dono do bordão "Elementar, meu caro Watson!"
Há duas peças de teatro transcritas, interpretadas pelo primeiro Sherlock a subir aos palcos, William Gillette (esse mocinho na foto ao lado, que não aparece no livro, mas que achei bacana adicionar aqui).

Uma outra coisa interessante que descobrimos é que o menininho Billy em uma dessas peças foi interpretado pelo jovem Charles Chaplin! Sim! Antes de se tornar famoso no cinema, ele já dava bons passos no teatro. :D  (Eu até havia lido algo a respeito em uma biografia dele, mas como a biografia mesclava realidade e ficção, não havia dado muito crédito).

Também existem dois textos menores que dão a impressão de serem fragmentos de outros contos que precisaram ser cortados. Afinal, nós sabemos que Arthur escrevia para jornais, e eles tem limites de palavras, a impressão que temos é que essas curtas conversas foram realmente o que acabou tendo que ser retirado, mas soam interessantes isoladamente, de qualquer forma.

Um conto singular é, na verdade, apenas o esboço de um conto que não foi escrito (ok, um outro autor o escreveu meio que por cima depois, só para termos uma ideia de leve de como seria, mas não tem o mesmo charme da escrita de Arthur e nem tantos detalhes). Ele nos dá uma boa ideia de como era o processo criativo do autor, de como ele inventava a trama e posteriormente trabalhava nela.

"O caso do trem desaparecido" é um dos únicos, que embora não se diga o nome da pessoa que mandou as dicas 'de que linha de investigação seguir' para os jornais, de fato poderia ser aproveitado como algo de Sherlock Holmes. Embora não há nenhuma prova de que ele tenha sido escrito com esse intuito, já que Arthur não o incluiu as obras do detetive.

Eu gostei do livro como um todo, ele é super interessante e os contos trazem aquelas características do Arthur Conan aos quais eu amo. Não há como você começar o conto e deixá-lo de lado, a curiosidade lhe prende de tal forma que você tem que lê-lo até o final.

Só acho que o organizador foi um pouco capcioso (por ingenuidade ou por maldade? Acho que nunca saberemos) em querer creditar tudo isso a um único personagem de Arthur. Isso quando, na verdade, ele possui tantos tão bons que poderiam ser anunciados como tal.

Esse livro meio que me fez entender a birra do autor com o personagem, afinal até eu me senti triste ao pensar que os outros só o vinculam ao detetive e esquecem o quão bem ele escrevia outras tramas também.

Para fechar, a diagramação é muito boa, embora eu ache que a capa deixou um pouco a desejar, não?

Observação: gostei muito da critica em prosa que o Arthur recebeu e de sua resposta (mesmo que anos depois) no mesmo formato. :-D


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