Livro: "A Cidade Submarina" de Arthur Conan Doyle

Título: A Cidade Submarina
Título Original: The Maracot Deep

Autor: Arthur Conan Doyle
Tradutores: não há o nome do tradutor na edição que li

Editora: Hypatia
Ano de publicação: 2015
ISBN: B00S8P8XK8
Gênero: Ficção Científica

Informações adicionais:
Número de páginas: 116
Tipo de diagramação: simples, com sumário interativo, porém não é possível aumentar as letras (e elas são bem pequenas...)
Fonte: agradável, mas o tamanho é muito pequeno e não é possível alterá-lo

Sinopse:
Conan Doyle, famoso pela criação do detetive Sherlock Holmes, também é autor de outras obras de aventura e mistério. Neste "A Cidade Submarina" somos levados a explorar as profundezas do mar e a descobrir as maravilhas de um continente perdido. Seria ele a famosa Atlântida?

Este livro de Arthur Conan Doyle conta a aventura de três homens, Cirus Headlei, Dr. Maracot e o sr. Bill Scanlan, quando o desceram através de um "engenho submarino" (na época em que a história foi escrita não deviam existir submarinos) para fazer pesquisas subaquáticas. Miraculosamente, após um acidente em que sua engenhoca arrebentou o cabo, que os ligava ao navio, eles desceram a grandes profundidades e foram salvos da morte por um estranho povo que vivia sob o mar.


Nota:


Resenha:

Comprei esse livro em formato e-book pois era muito curiosa quanto a estória, porém não achava ela em "papel". Não sei se ele chegou a ser lançado no Brasil, afinal na Internet há apenas duas capas de edições portuguesas. A primeira de 1958 e a segunda de 1992.

Cirus Headlei é chamado para fazer parte da equipe do pesquisador Dr. Maracot. Eles partem em um navio em busca de novas formas de vida aquáticas e para analisar o ambiente em que essas novas espécies vivem. Porém Headlei logo conhece o engenheiro Bill Scanlan, que também faz parte da missão, e descobre há algo mais nessa história do que ele espera.

Após alguns dias, o doutor Maracot acaba abrindo-se para Headlei e contando os motivos da expedição: ele quer conhecer o verdadeiro fundo do mar, quer chegar aonde nenhum humano esteve. E para isso Scanlan é necessário, pois ele fez com que uma caixa vedada fosse colocada por baixo. Nesta caixa, há um tubo de ar e também uma forma de comunicação com aqueles que ficam no barco.

Após algumas conversas, o tês decidem partir nesta empreitada. Mesmo que Hedlei alegue que quanto mais fundo eles forem, maior será a pressão da água em sus corpos, Maracot discorda e diz que os peixes e suas formas são a grande prova de que a pressão não existe.

Ok, esse é um livro de ficção científica, então a pressão realmente deixa de fazer efeito nos corpos deles após um tempo e o fundo do mar é "luminoso", devido a um tipo de alga que lá se encontra em abundância. E isso é o básico que você deve saber sobre esse sci-fi de mais de 100 anos!

Como "Mundo Perdido", esse livro de Arthur acabou sendo pai de inúmeras adaptações para a televisão, o cinema e o teatro. Mas poucas pessoas realmente leram o livro, já que ele não é tão famosinho como os contos de Sherlock Holmes.

No fundo do mar, eles conhecem a nação de Atlantis, a famosa civilização que foi "varrida" pelas águas para o fundo do Oceano (na crença popular de muitas  muitas nações, religiões e afins).

Essa civilização possui um idioma próprio e soube sobreviver as adversidades. Eles construíram formas de sobreviver e respirar no fundo do mar (sim! Eles respiram!). E o que é mais bacana é que Arthur Conan Doyle usou de artifícios para descrever a história da civilização, para contar como acabaram onde estão e o que fizeram para sobreviver. Enquanto vai se lendo sobre como eles acabaram lá no fundo é impossível não lembrar da "Arca de Noé".

Uma coisa que me chamou muito a atenção foi a descrição que o autor fez destes moradores das profundezas. Diferente do esteriótipo popular conhecido como a descrição dos moradores de Atlantis, aqui eles são descritos como pessoas de peles negras e olhos escuros. Como no senso comum, eles são dotados de uma inteligência sem igual e apegados a suas raízes religiosas (cultuando seus deuses).

Outro ponto interessante é que há romanos vivendo junto com os Atlantis nativos, são filhos de presos da guerra que os levou até lá, escravos da nação que possuem pele clara, cabelos loiros e olhos azuis. 

E, como acontece nas civilizações que vivem com os pés na "terra", uma raça dominou a outra e há toda uma forma de preconceito de uma para com a outra. No penúltimo capítulo (o melhor de todos para mim), é até tratado mais abertamente do tema quando o auxiliar atlantes de Scalan e sua esposa (uma escrava descendente dos romanos) tem uma criança e os religiosos mais fervorosos querem matar a criança, pois alegam que as raças não podem se misturar pois perderia a pureza do povo Atlantis. 

Infelizmente essa trama continuaria no capítulo seguinte, mas Arthur mostrou novamente o como ele é esquecido e a deixou totalmente sem um final, não voltando a tocar neste ponto no capítulo derradeiro. Uma coisa muito triste, pois a trama era a melhor do livro, mas quem lê bastante o autor e sabe que esses capítulos eram escritos até com anos de distância um do outro e publicados aos pedaços nos jornais, entende que ele cometia muitas dessas gafes. 

Não querendo defendê-lo, afinal Arthur poderia reler o que escreveu, mas éde conhecimento público que ele ainda era médico e só escrevia entre uma consulta e outra, então não me vejo no direito de criticá-lo por suas gafes. Mas mesmo sendo sua fã, não vou escondê-las e fingir que elas não ocorreram, certo?

Outro capítulo que merece destaque é o último (mesmo com o esquecimento da trama anterior), onde eles encontram uma criatura mística do mundo inferior, um tipo de "demônio" que ameaça acabar com a civilização Atlantis de uma vez por todas.

Embora eu tenha gostado do livro, creio que ele poderia sim ser bem melhor. As tramas mais interessantes deveriam ter sido mais trabalhadas, e ficou meio sem sentido trazê-los para a superfície e depois voltar a narrar uma aventura lá no fundo do mar, sem voltar a citar nada de como eles passaram a viver novamente "em terra firma".

Um livro interessante e muito bom para quem gosta de ficção científica, mas poderia ser bem melhor trabalhado.


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