Ebook: "Um Pulo no Tempo 2" por Jossi Borges

Título: Um Pulo no Tempo 2 - é possível reverter o estrago feito?

Autor: Jossi Borges

ISBN: B013APZGOQ

Ano: 2015

Editora: texto publicado de forma independente

Disponível para compra: https://www.amazon.com.br/product/dp/B013APZGOQ/

Informações adicionais:

Número de páginas: 11



Sinopse:
Novamente o cenário é o mundo distópico de 2035, agora sob a ótica de Luciano, um jovem que é levado para esse futuro e lá verá mais um pouco dos horrores já descritos no conto UM PULO NO TEMPO: 2035.



Nota:


Resenha:

Esse conto da Jossi Borges se passa na mesma época e terra distópica do outro conto dela que li anteriormente (e que pode ser lido neste link aqui para refrescar a memória, já que a resenha data de alguns anos).

Embora o primeiro tenha me parecido algo fabuloso e eu tenha ficado empolgada para que surgisse logo uma continuação, ao ler este, foi como se um balde de água fria caísse em mim. Além de ele não me agradar, me soou um pouco forçado, pretensioso e apresenta alguns problemas de diagramação, além de inflar um discurso de ódio as minorias e colocar a culpa da catástrofe da humanidade a "aceitação de gênero" (o quê???).

Primeiro vamos falar da parte técnica: o texto apresenta uma sigla, que só é explicada na segunda ocasião em que ela aparece e pontualmente (lá para a sexta vez que ela aparece) também é descrita. Quando trabalhamos com uma sigla criada o ideal é que ela seja explicada logo de início (mesmo que entre parentes). A impressão que eu tive foi que ela inseriu posteriormente a primeira menção em uma repassada do texto e esqueceu de fazer uma nova leitura para constatar que ela surgiu antes da explicação.

Outras coisas que incomodaram um pouco foi a ausência de aspas quando são inseridas perguntas retóricas, os parágrafos muito longos (com vírgulas e mais vírgulas e mais vírgulas, em uma ausência bastante sentida de pontos finais que desacelerem a leitura. Sei que o tema requer "urgência", mas na hora da leitura o menos tem que ser mais) o que acaba acarretando em dispositivos pequenos telas e mais telas no mesmo parágrafo (ler em celular acaba sendo incomodo) e, por fim, mas não menos importante, a falta de espaçamento no começo do parágrafo (essa ausência condensa ainda mais o texto todo em uma massa única).

Quanto a trama, os protagonistas da vez é Luciano e que é levado para 2035 saído do ano de 2015 (mas o texto diz que o mundo levou algumas décadas para se transformar então acho que também é uma falha, já que podia dizer duas décadas que é algo contável e curto, o período "algumas" da a impressão de grande espaço de tempo, normalmente maior a cinco ou sete décadas, mas inferior a dez, pois aí mudaria a nomenclatura).

Neste novo lugar, ele dá seu ponto de vista sobre a falta da vida das pessoas, por parecerem sempre doentes e sem a capacidade de tomar decisões, porém, todo mundo tem cabelo pintado de cores extravagantes, o que acaba sendo um tanto sem sentido, certo? Se eu não tenho como tomar uma decisão, porque diabos eu pintei meu cabelo de azul? Hmm? Estranho... E no decorrer da trama o mote acaba sendo que o "socialismo obrigou" as pessoas a aceitarem a "ideologia de gênero" e "proibiu" que termos como homem, mulher, garoto, garota e afins fossem utilizados. O resultado disso foi que as pessoas preferem ficar drogadas a não poder usar essas palavras (hein?!)

Não sei, mesmo eu sendo hétero, estando bem fixa em um relacionamento com um homem por mais de dez anos, não consigo conceber em minha mente que exista qualquer problema na homossexualidade e que ela vai nos levar a ruína. Sério. Lembrando que a homossexualidade está presente em todo o reino animal (não é exclusividade do homem) e que na Grécia antiga todos os homens eram iniciados na vida sexual por outros homens (Platão mesmo tinha um "amor" que era casado com uma mulher e eles ainda se relacionavam e não havia problema nenhum nisso).

Quando procuramos minorias e queremos jogar a culpa do mundo nas costas deles nos assemelhamos ao nazismo, que é um período da história da humanidade que todos querem esquecer, mas que se parece cada dia mais vivo.

Outro ponto um tanto quanto conflitante na trama é que em determinado momento dá-se a entender que todas as pessoas do passado que teriam a capacidade de "mudar o mundo" são levadas ao futuro antes que o façam. O texto tenta criar a ideia de que no futuro elas podem ajudar, mas ele falha nisso e a impressão que fica é de que as pessoas do futuro realmente queriam que a sociedade chegasse a esse ponto critico e as pessoas responsáveis por trazer as pessoas do passado estão ali para garantir isso. Qual o propósito? Eu até imagino, mas fica por minha conjectura mesmo e cada um pense no seu, já que o texto não deixa nada esclarecido quanto a esse ponto.

Enfim, vale a leitura, com certeza, afinal a minha opinião não é uma unanimidade e eu não sou a grande dona da razão, mas há de se ter senso crítico também e saber interpretar uma mensagem assim e suas problemáticas.

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